A primeira vez que tive contato com Khaled Hosseini foi através do filme Caçador de Pipas, inspirado em seu livro, quando ainda era uma pré-adolescente. Desde então pesquisei mais sobre o autor do livro que destruiu minha alma e me encantei com seu histórico de vida. Então sem mais delongas vamos falar sobre um autor que você precisa conhecer.
Nascido em 04 de março de 1965 na cidade de Cabul, Afeganistão, Khaled Hosseini saiu de seu país natal com sua família após um golpe de estado frio (sem violência). Com asilo político ele cresceu nos Estados Unidos da América. E assim como o icônico doutor Henry Jekyll, nosso escritor tem duas personalidades dentro de si.
De um lado temos o Doutor Hosseini, que se graduou em biologia aos 23 anos e em medicina aos 28. E que, mesmo após o sucesso de seu primeiro livro, continuou exercendo a profissão como clínico geral.
Já a outra face de Khaled é o incrível romancista que logo com seu primeiro Best-seller Caçador de Pipas foi completamente aclamado pela critica. Todas as suas narrativas costumam tratar de questões politicas e sociais de seu país de origem, Afeganistão, se utilizando de personagens complexos.
Seus livros costumam mostrar como as relações que formamos ao longo da vida influenciam nossos caminhos. Em suma, através de suas ficções, ele mostra como todos os humanos são seres falhos, que erram, se arrependem e melhoram.
Caçador de Pipas, 2005, trata de dois garotos que crescem juntos no Afeganistão. Amir é rico, já Hassan é pobre e serve como seu criado. A princípio, a vida das duas crianças inocentes é marcada para sempre com um evento traumático. Isso acontece quando Hassan corre atrás de uma pipa para Amir, durante um campeonato, mas o menino é seguido por garotos mais velhos que o encurralam em um beco. A cena marcante é assistida de perto pelo personagem principal que fica paralisado no local, sem se mexer para ajudar o outro. Como se não bastasse os garotos descobrem um segredo de família, logo após o campeonato, pouco antes de se separarem. Deixando marcas profundas nos dois.
Nosso protagonista Amir está longe de ser um herói. Na verdade ele é um homem que cometeu diversos erros e volta a sua cidade depois de 20 anos, após se mudar com seu pai, em busca de perdão. Mas ao chegar lá ele se depara com uma realidade diferente, assim como mais dura da que se lembrava.
A partir do relato que acompanha os meninos – que deixam marcas profundas na vida um do outro – o autor aborda questões como o estrupo. Bem como a diferença social e a violência. Além de mostrar como os erros de uma pessoa pode assombrá-la por toda sua jornada.
Já em A Cidade do Sol (2007) o olhar é para a vida de duas mulheres diferentes que tem suas vidas cruzadas: Mariam e Laila. Mariam foi dada em casamento na adolescência a um homem muito mais velho. Já a Laila sempre foi incentivada pela família a estudar. O destino de uma era servir ao marido e dar-lhe muitos filhos. Por outro lado, a outra podia traçar seu futuro – era o que ela acreditava. Até que as coisas tomam um rumo inimaginável e seus caminhos se juntam quando as duas se vêm com o mesmo marido.
Diferente de seu primeiro romance, esse foca em duas garotas. Além de tratar de violência contra a mulher, somos envolvidos profundamente na cultura da maioria dos países do Oriente Médio. Usando de seu talento indescritível Hosseini consegue mostrar como somos iguais ao mesmo tempo em que somos únicos.
A estrada da existência dos irmãos Pari e Abdullah, que são separados na infância, é descrita em O Silêncio das Montanhas – 2013. A Pari é vendida e levada para França e a partir deste ponto a narrativa nos leva a história de amor e redenção.
Na obra, novamente o escritor se mostra um perito em demonstrar como nossos vínculos e atitudes afetam para sempre quem nos cerca. Além de conseguir mostrar pessoas com personalidades diversas que foram conectadas pelo contato com nossos protagonistas.
A Memória do Mar, 2018, é um conto no qual o literato apresenta a história de um pai. Que, em resumo, enquanto espera o barco que levara sua família para o outro lado do Mediterrâneo, narra para seu filho à história da Síria de sua infância.
As ilustrações de Dan Williams são usadas como recurso para passar ainda mais a emoção de pessoas que torcem por um futuro melhor. Mesmo em sua curta duração, Khaled Hosseini volta a mostrar seu talento em emocionar os leitores. A História de Alan Kurdi, criança refugiada Síria encontrada morta em praia na Turquia (em 02/09/2015), foi à inspiração para essa história.
Não só seus dramas abordam o Oriente Médio de forma sempre emocionante, como ao ler uma de suas criações nos sentimos obrigados a parar e refletir sobre o outro de forma mais empática. E para finalizar, o doutor ainda tem a Fundação Khaled Hosseini que fornece ajuda humanitária para crianças no Afeganistão.
