Tive contato com o livro A Sangue Frio (In Cold Blood) pela primeira vez na faculdade. Em suma, a reportagem escrita em forma de romance sobre um crime real não me chamou tanta atenção à primeira vista. Mas isso mudou quando eu li o livro e pesquisei sobre a vida do autor Truman Capote.
O livro conta a história do assassinato de quatro membros da família Clutter em 1959. As mortes ocorreram na pequena cidade Holcomb, no estado do Kansas nos E.U.A.
O que torna essa leitura especial é a forma extremamente detalhada com que Truman Capote narra os acontecimentos que levaram ao crime, o crime em si e o olhar dos envolvidos. Para poder criar essa visão rica em detalhes, ele entrevistou os moradores da cidade, os detetives e também os assassinos Richard Eugene Hickoock e Perry Edward Smith.
A história em si parece um crime como qualquer outro de um romance policial. O que o torna mais perturbador e fascinante é o fato de se tratar de um crime real. E isso, por si só, já atrai os leitores. Afinal, muitas pessoas ao redor do mundo tem esse interesse por assassinos e crimes que para entender mesmo só com terapia. Eu mesma sempre tive fascínio por isso, mas o que torna essa narrativa especial mesmo são os boatos que o cercam.
Mesmo sem conhecer a história de Capote, ler o livro pode mostrar que o autor via Perry com um olhar bem mais gentil do que via Richard. O motivo para isso pode estar nos boatos que cercam o livro. Ou podia ser porque, pelas opiniões expressas no livro, Perry parecia o tipo de cara que sabia como conquistar a multidão.
Voltando aos boatos, na época que escrevia o livro Truman ia com frequência a cadeia entrevistar os criminosos envolvidos. Em especial, ele era mais constantemente visto pelos guardas visitando Perry. Na época em questão, os guardas acreditavam que havia um romance entre os dois. Ou pelo menos que havia um interesse romântico.
Não acredito que houvesse de fato um romance, mas não questiono a possibilidade de ter existido certo interesse. A questão é que saber disso torna a leitura mais interessante, principalmente para quem gosta de uma boa e velha teoria da conspiração.
Outro fato que torna a leitura continua e viciante é Capote referir a si mesmo na terceira pessoa. Apesar de isso ser estranho acaba combinando com o estilo de escrita do resto do livro. A primeira vista, na verdade, eu não reparei que ele está falando de si mesmo e quando voltei um pouco e pensei sobre a cena fiquei tipo “espera, o que aconteceu?”.
Truman Capote foi um escritor brilhante e controverso. Suas obras merecem reverência. Esse em especial tem algo a mais. A maneira como ele descreve esse assassinato brutal incomoda e vicia. Em resumo, para quem gosta de um livro-reportagem ou para os que gostam de um romance policial não deixe de ler A Sangue Frio e ver a mistura dos gêneros.
