11°C aqui em São Paulo, alto inverno e a gente só consegue lidar com todo esse frio debaixo de três casacos, com luvas, cachecol e um chá bem quentinho, mesmo assim o livro que eu escolhi hoje se passa no calor do verão italiano – só para deixar vocês morrendo de vontade de se mudar para dentro da história de Elio e Oliver. Me Chame Pelo Seu Nome traz aquela preguiçinha gostosa que dá quando o termômetro tá nos 40° e tudo que você quer saber é de mar e piscina o dia todo – eu sei que com esse frio todo que tá fazendo agora, alguns de vocês só sonham com a chegada do verão, mas apesar de estar congelando para poder escrever para vocês, eu ainda gosto muito mais desse clima – e o ritmo lento dessa história traduz muito bem o que as férias de verão realmente são.
O livro de André Aciman pode até se tornado um boom após o filme chegar às telonas (e todo mundo cair de amores por Thimothée Chalamet), mas o que faz dessa história tão emocionante é bem mais do que a atuação tocante do jovem ator. Pois bem, tudo se passa em algum lugar do Norte da Itália, durante o verão de 1983, quando a casa dos Pearlmans recebe um novo visitante. Elio, o filho adolescente de 17 anos do anfitriões, logo forma sua opinião sobre Oliver, um estudante de 24 anos que recebe a ajuda do Sr. Pearlman com a conclusão de sua tese. O menino acredita ter pouco em comum com o rapaz e se vê aborrecido com o jeito despretensioso e relaxado dele, o que faz Elio encontrar motivos para implicar com Oliver e tentar tornar a relação deles ainda mais difícil. Acontece que quando Oliver passa a mostrar interesse por Chiara, uma das amigas de infância de Elio, o menino se sente enciumado e faz com que ele entenda que na verdade se sente muito atraído pelo estudante.
Os dois começam a passar mais tempo juntos e a atração de Elio só cresce, até que o menino reúne sua coragem e resolve confessar seus sentimentos a Oliver, só para ouvir do rapaz que aquilo era assunto proibido. Ainda que Oliver pareça oferecer certa resistência, Elio não se sente desencorajado e quando eles visitam o recanto secreto do menino, eles acabam se beijando pela primeira vez, mas Oliver ainda tenta resistir a seus sentimentos e fica vários dias sem falar com Elio.
Elio se sente infeliz pelo silêncio de Oliver, então decide dar uma chance a Marzia e acaba por ter relações amorosas com a moça, ainda assim ele não consegue tirar Oliver da cabeça e escreve um bilhete pedindo que o rapaz o encontro depois da meia-noite. O tempo parece passar devagar e o menino se vê impaciente com a visita de velhos amigos da família, tentando a todo custo retornar a seu quarto para esperar por Oliver. Quando finalmente o encontro acontece, ambos deixam de lado todos os seus receios e se entregam um ao outro e ali temos a icônica cena em que Oliver diz: “Me chame pelo seu nome e eu te chamo pelo meu”.
Após uma noite de amor entre os dois rapazes, Elio se sente estranho e parece ter se arrependido do acontecimento, mas é inquestionável que ele sente algo por Oliver e seria difícil para o garoto controlar seus sentimentos agora que finalmente havia conseguido o que queria. Suas frustações em relação a partida de Oliver e por ter demorado tanto tempo para tomar uma iniciativa e de repente ele sente a necessidade de masturbar-se usando um pêssego e depois cai no sono. Oliver chega ao local onde Elio repousava e encontra o pêssego ao lado do garoto, logo percebendo o que havia se passado e come o fruto em sua frente. Elio se sente comovido pela ação de Oliver e chora em seus braços desejando que ele nunca tivesse que ir embora.
Depois disso os dois têm poucos dias juntos e cada minuto conta, os pais de Elio parecem perceber a conexão entre os dois e sugerem que Elio acompanhe Oliver até Bergamo, onde eles conseguem passar mais alguns momentos juntos antes que Oliver finalmente regresse aos Estados Unidos. Tudo parece bom demais para ser real e isso só torna a despedida do casal ainda mais complicada. Após dizer seu adeus, Elio se afoga em suas lágrimas enquanto liga para sua mãe buscá-lo na estação.
A história já não seria emocionante o bastante se não fosse pelo discurso que Sr. Pearlman dá ao filho ao confessar-lhe que sabia bem o que havia acontecido entre Elio e Oliver.

Li a esse livro depois de ter assistido ao filme por diversas vezes e a sensação que tive ao ler àquelas páginas foi a mesma que tive ao assistir ao filme pela primeira vez, sorri nas mesmas partes, assim como também chorei a cada vez que vi Elio ter seu coração partido por acreditar que sua relação com Oliver nunca teria futuro, ainda mais quando o que parecia inevitável acaba por atingi-lo como um meteoro. Esse livro é emocionante, sensual e marcante, assim como um amor de verão que nunca esquecemos mesmo que seja impossível que ele aconteça mais uma vez…

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