Quando eu estava no ensino médio o nosso professor de história fazia suas classes lerem um romance que tinha relação com o tema de cada semestre e fazer um longo, muito longo mesmo, trabalho sobre o romance, os pontos e referências históricas ali citadas, uma resenha detalhada sobre ele (que eu desejava ter salvo no meu notebook para facilitar a minha vida agora) e depois criar uma história baseada no livro. Os primeiros livros que ele mandou lermos foram A Ilíada e A Odisseia, de Homero, e muita gente acabou se saindo mal no trabalho porque alunos do primeiro ano do ensino médio simplesmente não estão prontos para tal leitura. Mas quando chegou a vez de estudarmos sobre Renascimento, Iluminismo, e outros períodos históricos próximos destes, a leitura que tivemos que fazer foi Inferno. Anos anteriores outros alunos tiveram que ler os livros anteriores da série, mas como Código Da Vinci e Anjos e Demônios já tinham sido lançados e muitos alunos deixavam de ler aos livros e fazer todo o trabalho baseado nos filmes. Pois bem , vamos à história de Inferno.
O quarto livro que acompanha Robert Langdon, um simbologista americano, em mais uma jornada pela Itália, traz um quebra-cabeças tanto para os leitores, quanto para o protagonista. Robert não se lembrava de muito, apenas de uma mulher com o rosto coberto por um véu e um rio com águas agitadas e vermelhas, tingidas por sangue. Tais lembranças lhe vieram como um sonho, que assustou a Robert, que acordou subitamente aos gritos. O cheiro que aquele local possuía era bem familiar: álcool hospitalar. Os bipes também indicavam que o professor não poderia estar mais certo de onde ele estava, uma sala de hospital. A nuca de Robert latejava, uma dor que lhe torturava, por isso ele se ergueu e tocou o local, para localizar o que lhe causava aquela dor de cabeça. Apenas sentiu o sangue seco e dez pontos que havia levado na ferida. Não conseguia se lembrar do incidente que causara tal machucado, tão pouco como havia parado ali. logo depois de sentir uma dor insuportável por tentar se movimentar com rapidez, uma mulher loira de, aparentemente 30 anos, apareceu. Ela dizia ser a Dra. Sienna Brooks e estava ali pois o outro médico não sabia falar inglês. A médica lhe fez algumas perguntas para atestar se Robert realmente estava consciente, mas uma pergunta lhe deixou incrédulo: o senhor é americano?
Robert acreditava estar em Massachussets, mas só mais tarde, quando havia se recuperado do sedativo que lhe aplicaram que pode ver as silhuetas de torres e domos pela janela. Foi ali que a realidade lhe atingiu. Estava a muitos quilômetros de onde imaginara, estava na verdade na Itália, mas como havia chegado ao país ainda era um mistério para ele.
Apesar dos pontos que havia levado, não tinha algum motivo para acreditar que estava em perigo, mas quando Langdon viu o corpo de Dr. Marconi ensanguentado e sem vida no chão, ele lutou contra os sedativos que percorriam em seu organismo e tentou sair da sala do hospital. Um série de disparos podia ser ouvida pelo lado de fora e ele podia ver Dra. Brooks com os olhos arregalados de medo ao encarar o corpo de seu colega de trabalho. A médica procurava pulso mas não podia acreditar que aquilo de fato estava acontecendo. Foi então que ela se virou para o paciente e ordenou que eles deixassem o local. Os dois seguiram para o apartamento da médica e Langdon pôde finalmente se livrar da roupa do hospital. Parecia estranho estar em Florença, pois não havia nenhum motivo aparente para que o professor estivesse na cidade italiana. Tudo parecia muito misterioso e assustador, e aquelas alucinações pareciam não abandoná-lo. Mesmo tentando achar alguma pista sequer na internet, Langdon tentou sem entender o que se passava.
Nada restava ao simbologista a não ser examinar seu paletó, algo em seus bolsos poderia lhe dizer como havia chegado à Florença. O que ele encontrou não era nada do que esperava, uma costura quase invisível que guardava nela um pequeno cilindro de metal polido com 15 cm de comprimento. Sienna sugeriu que ele girasse o objeto e foi assim que ele encontrou um símbolo antigo gravado no objeto. Logo o simbologista reconheceu o símbolo: risco biológico. Seria melhor entregar o objeto ás autoridades. Acontece que após entrar em contato com o Consulado, Robert se surpreendeu com um van que trazia a mulher que assombrava as suas alucinações. Foi então que Sienna lhe disse que o governo Americano havia mandado alguém para matá-lo. Foi então que ele se sentiu ainda mais inseguro e tinha urgência em saber o que o cilindro escondia. Foi então que ele finalmente o abriu, pensando que iria encontrar ali alguma droga tecnológica ou algo do tipo, mas o que viu foi muito oposto à sua imaginação. Dentro havia algo muito antigo, um cilindro entalhado, como um rolo de pintura moderno, que imprimia em argila úmida ou terracota uma faixa de símbolos, imagens ou textos. Quando girou o objeto, Robert notou uma figura horripilante de Satã. Langdon continuou a girar o cilindro, foi então que o que ele viu projeto era ainda mais assustador: La Mappa dell’Inferno, um completo diagrama do Inferno descrito por Dante Alighieri em A Divina Comédia. Foi com essa pista que Robert soube o que fazer a seguir. O professor e a médica então seguiram pela Itália em busca de mais pistas, ao mesmo tempo em que Langdon tentava fugir do Consulado Americano.

Apesar de existir um filme baseado no livro, é que se esperar que ele não faça jus às 443 páginas escritas por Dan Brown, por isso, mesmo que você já tenha visto todos os filmes da série O Código Da Vinci, eu recomendo que leia aos livros. O autor teve todo o cuidado em trazer muitas referências históricas para o romance e toda a iconografia e cenário que acompanham a jornada do professor Robert Langdon são dignas de serem estudadas e, talvez seja por tanta atenção dada pelo autor para que a ficção de seu personagem esteja em perfeita harmonia às referências históricas e culturais que ele inseriu no livro que meu professor de história tenha escolhido esse livro como leitura obrigatória quando estávamos no segundo ano. É inegável que as vezes a ficção serve de ponte para o conhecimento, eu mesma, que adoro desde séries, livros, música, até livros, sempre aprendi coisas novas e importantes através da cultura pop, passando de um novo idioma, novas culturas, geografia, história e até mesmo ciências. A verdade e que, quando você se sente imerso em uma história, seja deste livro ou de qualquer produto de entretenimento que você esteja consumindo, aquilo passa a despertar sua curiosidade sobre os assuntos relacionados àquele produto e assim você passa a pesquisar sobre o tema e absorvendo aquelas informações, e é por isso que eu sempre digo que nada que eu já li ou assisti foi em vão, não foi mera bobagem para passar o tempo e me divertir ou frustrar (as vezes pode ser até verdade), mas cada produto de entretenimento que consumi serviu como ponte para algum conhecimento que adquiri e isso também é verdade em relação a esse romance.
