Amar nunca é fácil, ainda mais quando você precisa esconder o que sente por medo de sofrer as consequências. O filme Maurice conta a descoberta do personagem, de mesmo nome, da sua sexualidade.
A adaptação da obra de E.M. Foster para o cinema, Maurice, traz o que poucos filmes com a temática conseguiram: uma sensibilidade e leveza para algo tão incompreendido na época.
O jovem Maurice Hall era um rapaz que da alta sociedade que estudava em Cambridge – onde conhece o também estudante, Clive Durham. A conexão entre os dois é imediata – compartilhando o gosto pela música clássica e discutindo a natureza do homem e do desejo – e, aos poucos, fica difícil esconder que o relacionamento entre eles é mais do que uma simples amizade.
Clive é quem decide palavrear o que sente: “eu sei que você leu aqueles livros… você vai entender, eu não tenho que explicar que te amo”, mas a situação assusta Maurice que hesita em admitir estar apaixonado pelo amigo. Se entregar ao sentimento significaria envergonhar sua masculinidade e sua posição social; um amor entre dois homens era considerado a única coisa além do limite.
Por mais que ambos tentassem lutar contra o que sentiam, manter-se próximos só dificultava a tentativa de cultivar um amor platônico, entretanto os dois nunca ultrapassaram os limites – seu relacionamento se baseava em toques sutis, abraços cheios de ternura, pequenos beijos escondidos e nada mais.

Por temer ter o mesmo fim de um de seus amigos, Clive se afasta de Maurice e casa-se com uma mulher que conheceu durante uma de suas viagens. A notícia causa impacto em Maurice, que se vê obrigado a conviver com o homem que ama sem poder tê-lo.
Para tirar a ideia de que Maurice deveria se entregar a uma vida miserável para se comprometer com os costumes da sociedade, nos é apresentado um segundo romance. Alec Scudder, guarda-caças da propriedade dos Durham, passa a se envolver com Maurice. O romance dividido pelas diferenças sociais entre os dois, se difere do anterior – nesse há dedicação e amor não comedido.
Finais felizes são exceção entre os filmes do gênero e, raramente, um roteiro consegue ser tão delicado com o tema, por este motivo Maurice é uma obra tão bem construída.
Tecnicamente, o filme é belíssimo: a fotografia e o cenário são bem construídos e, junto com os belos figurinos, criam uma reconstituição impecável da época. O ritmo lento da narrativa não nos impede de apreciar cuidadosamente a trama bem desenvolvida proposta por James Ivory.
Para os admiradores de um bom romance de época, Maurice entrega um tema atual tratado de maneira requintada e poética, sendo assim um dos meus filmes favoritos do gênero.
Onde assistir: Prime Video
