Não é segredo algum o fato de Jane Austen ser a minha romancista favorita. Consequentemente, os filmes baseados em suas obras literárias acabaram despertando também o meu interesse, até porque foi graças ao filme de Orgulho e Preconceito (2005) que finalmente decidi descobrir mais sobre a escritora. Razão e Sensibilidade foi a segunda história da autora que conheci, ainda que eu não tenha comprado o livro ainda, já o li anos atrás e assisti ao filme algumas vezes e por isso decidi vim falar sobre ele hoje.
Para falar a verdade, eu estava me preparando para fazer uma lista com alguns filmes baseados nos livros de Jane Austen, mas acabei arranjando tempo apenas para assistir a Persuasão durante a semana passada, então pensei ser melhor falar de um dos filmes que conheço melhor depois de Orgulho e Preconceito.
Razão e Sensibilidade é uma das histórias mais famosas da escritora, por isso um filme baseado nela deve também trazer grande peso, e isso já se nota na escolha do elenco dele. O filme de 1995 traz nomes fortíssimos como Emma Thompson, Kate Winslet, Alan Rickman e Hugh Grant, que entregaram exatamente o que cada leitor do livro deve ter esperado de um filme sobre ele, tanto que o longa levou alguns prêmios importantes, incluindo um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, Dois BAFTA’s de Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante, assim como dois Globos de Ouro para Melhor Filme de Drama e Melhor Roteiro.
Para quem não conhece a história, Razão e Sensibilidade nos apresenta as irmãs Elionor e Marianne que, em meio às dificuldades financeiras da família, procuram o verdadeiro amor. O livro de Jane Austen mostra como a sociedade da época é obcecada pelo dinheiro e o status social, não levando em consideração os verdadeiros sentimentos de uma pessoa na hora de decidir-se com quem passará o resto de sua vida. O casamento é um tema decorrente nas narrativas da autora, trazendo à tona discussões sobre a realidade enfrentada pelas mulheres no século XIX, mas também servindo para nos mostrar como aquela situação vivida pelas mulheres no passado ainda afeta a nossa posição social na sociedade atual. Apesar de serem livros clássicos da literatura, seus temas continuam muito atuais e servem como base para a construção de narrativas modernas sobre o feminismo e a igualdade de gênero. Em Razão e Sensibilidade vemos as duas irmãs serem afetadas pela imposição social de se garantir direito sobre a herança da família somente ao filho homem, deixando às mulheres da família em situação financeira muito desfavorável, o que também as impedia de garantir um casamento vantajoso.

A situação da família de Elionor e Marianne as obriga a se mudaram com a mãe e a irmã caçula para o campo, onde elas aprendem mais sobre si mesmas e sobre as obrigações que devem enfrentar após a morte do pai. A família precisa cortar gastos, mudar todo o seu estilo de vida com o pouco dinheiro que lhes resta após a morte do patriarca da família e o casamento de seu irmão mais velho, que herda praticamente toda fortuna do pai. Durante suas jornadas na nova vida, vemos as duas irmãs mostrarem o quão são diferentes uma da outra. Enquanto Elionor (Emma Thompson) é ponderada e prefere agir sob a razão, Marianne (Kate Winslet) é emotiva e não se repreende de demonstrar claramente suas emoções.
O filme dirigido por Ang Lee consegue captar com sutileza todos os contrastes nas personalidades das irmãs, trazendo humor inteligente em meio ao drama e o romance. A paisagem bucólica é expressada com todo esplendor em planos abertos que nos fazem admirar a vida no campo. O figurino, o roteiro e a atuação, tudo parece se encaixar perfeitamente com a direção nos trazendo aquele que é considerado por muita gente a melhor adaptação de um dos livros de Jane Austen.
Mas para quem busca um filme com acontecimentos que te fazem perder o fôlego, esse com certeza não é para você. Como de costume, filmes assim acabam se arrastando por um tempo, tendo um ritmo mais lento que bem se assemelham à experiência dos livros, mas com menos detalhes. Eu tenho costume de acompanhar a muitas histórias do tipo, simplesmente por adorar filmes e séries históricas que se concentram mais nas emoções e não apelam para reações fortes causadas por ações chocantes ou inesperadas, talvez até fora de contexto. Sempre preferi histórias que me trouxessem para perto do personagem, numa rotina desacelerada e talvez monótona, talvez seja por isso que prefiro os dramas e romances a filmes de ação, sendo assim Razão e Sensibilidade me entregou tudo aquilo que eu procuro para passar o tempo em uma tarde de domingo em que o relógio parece não andar.

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