AFINAL, O QUE É ESSE TAL DE BL/YAOI?

Talvez seja um pouco tarde para explicar sobre a maior parte do conteúdo que a gente posta aqui, mas como diz o velho ditado “antes tarde do que nunca”, vou aproveitar que estamos no Mês do Orgulho para deixar mais claro algumas terminologias e porque tanta gente ama esse gênero de drama. Também vou usar este post para contar como eu descobri o mundo dos BLs e o que me fez ficar tão fissurada nesse mundinho, então se prepara porque o papo vai ser longo!

Todo bom blzeiro já deve ter pesquisado a palavra YAOI alguma vez na vida, não é mesmo? O termo é frequentemente usado junto da sigla BL quando se trata desses dramas, animes, mangás, manhwas que vira e mexe eu cito por aqui, mas nem todo mundo conhece o significado e por isso eu lhes trago a definição dele:

Surgido nos anos 70, atravé de doujishins feitos de animes conhecidos, Yaoi é o termo usado para designar animes e mangás (as vezes dramas) do gênero Boys Love, aqueles que envolvem romance entre homens. O nome deriva-se da frase “yama nashi, ochi nashi, imi nashi”, que em português seria: “sem clímax, sem resolução, sem significado” ou “sem pico, sem ponto, sem problema”, mas que nem de longe define as tramas YAOI que a gente encontra por aí.

Ainda que o gênero YAOI gire em torno do romance homossexual entre homens, o público-alvo é feminino e, talvez por isso, a maioria das histórias sejam repletas de clichês tão doces que nos fazem suspirar por muito tempo, mas que também fogem bastante da realidade fazendo com que muitos gays não se identifiquem com aquelas histórias.

Além do termo YAOI, temos mais duas categorias do gênero; Shounen-ai e Lemon, que se diferenciam pela intensidade de como o romance se desenvolve. Enquanto o Shounen-ai apresenta uma trama mais leve e sútil, onde as coisas nem sempre ficam bem evidenciadas, o Yaoi desenvolve mais as cenas de romance e pode conter mais cenas calientes entre o casal, mas ainda com um pouco de censura; por sua vez, Lemon é bem explícito e traz muitas cenas fortes, sem desenvolver muito a história e focando mais na sacanagem.

Fonte: Garotas que Curtem Animes

Ainda que o gênero tenha surgido há muito tempo lá no Japão, só muito recentemente ele tem ganhado um boom. Eu já tinha ouvido falar sobre séries BL há muito tempo e assistia muitas séries e filmes com temáticas LGBTQIA+, mas nunca havia me interessado tanto pelo gênero quanto me interessei depois de fazer o meu TCC.

Para quem não sabe, eu e a Luana estudamos Jornalismo juntas e fizemos um livro sobre artistas LGBTQIA+ dentro do cinema e das artes cênicas para o nosso Trabalho de Conclusão de Curso. Durante a pesquisa para desenvolver as entrevistas e a história do livro, tivemos que assistir um volume bem grande de produções para usarmos como referência em nosso trabalho. Foi em uma dessas entrevistas que eu conheci Cam, uma pessoa não-binária que me apresentou à série Os Indomáveis.

Depois de assistir a esse drama que tanto eu quanto a Luana amamos muito, eu fui até uma amiga que já assistia a muitos BLs para pedir umas indicações, foi aí que eu descobri a imensidão de séries produzidas na Tailândia. A primeira série que eu assiste foi Tharn e Type, mas depois de um tempo eu conhecei a achar essa série bem problemática e nem tenho vontade de assistir novamente, o que me fez prestar mais atenção nos plots das séries antes de decidir se eu realmente gosto delas.

Para falar a verdade, depois disso eu não consegui me concentrar em assistir nenhuma série que não fosse BL (salvo quando decidi assistir kdramas) e até hoje eu não entendi porquê. Elas são simplesmente muito viciantes e você acaba sendo sugada para esse mundo. Eu já assisti tantos BLs que perdi a conta e para ser sincera eu não lembro da metade deles, talvez porque alguns foram pura perca de tempo, mas posso garantir que muitos deles valem muito a pena serem assistidos e nem de longe trazem aquela ideia de serem feitos só para o público feminino e acabam desenvolvendo melhor a questão de representatividade e trazem um lado mais positivo sobre relações homo afetivas.

Quando se trata de mangás ou animes, devo dizer a maioria dos que eu acompanhei realmente não focam tanto em desenvolver uma história e tudo parece seguir uma fórmula que fica bem conhecida pelos fãs do gênero. Por este motivo, eu acabo acompanhando menos os animes e mangás do que as séries, mas existem exemplos que eu já trouxe aqui no blog que conseguem ser interessantes e divertidos, ainda que não sejam tão bem desenvolvidos como algumas séries.

Mesmo que eu goste muito do gênero, devo admitir que existem muitos problemas que eu gostaria que fossem extintos dele. Muitos plots apresentam relacionamentos tóxicos com traições, mentiras, falta de consentimento e falta de comunicação, além de (quase sempre) existir aquele ex maluco que quer estragar a relação do casal e faz planos mirabolantes, ou vários dramas desnecessários quando uma série ganha uma segunda temporada – será que é pedir demais que o casal tenha paz e momentos doces depois de passar por tanta coisa para aceitar seus sentimentos e ficarem juntos? “Alô, Hwang Da Seul? Não gostei do que a senhora fez com o Kang Seo Joon e o Han Ji Woo, custava fazer uma segunda temporada sem estragar a história deles?”

Gostaria de ainda confiar que Hwang Da Seul vai dar um jeito da segunda temporada valer a pena

Brincadeiras a parte (mas falando a real), não tem como negar que o gênero BL é muito popular e isso vem fazendo com que as produtoras prestem mais atenção no que o público deseja assistir, trazendo mais variedade, melhor representatividade, tocando em assuntos ainda delicados em alguns países e pautando em tópicos importantes para a comunidade gay. Cada vez mais, mais produções BLs vem surgindo, tornando difícil a minha missão de assistir a outros gêneros, mas também mantendo a minha sanidade (ou me fazendo enlouquecer) em meio aos eventos conturbados da vida adulta.

Aqui no blog você pode encontrar listas, resenhas e dicas sobre diversos dramas, animes, mangás e webtoons do gênero BL, basta ir na aba LGBTQIA+ e rolar a página.

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