O RETRATO DE DORIAN GRAY – OSCAR WILDE

Desde que comecei a me interessar pela leitura de romances, descobri que gosto da literatura britânica, mas havia lido muito mais livros escritos por autoras femininas e raramente de um autor homem. Eu bem sabia que Oscar Wilde era um grande nome entre os autores britânicos. O poeta irlandês era um nome que eu ouvia bastante, porém alguém que eu nunca havia conhecido o trabalho de fato. Eu poderia ter escolhido outro título, no entanto, O Retrato de Dorian Gray me chamou a atenção justamente pela polêmica em torno de suas duas publicações e das consequências que trouxeram para o escritor.

Por ainda não ter terminado a leitura do livro, não farei uma resenha, estrarei me atentando apenas em lhes apresentar as ideias principais que captei nas páginas que li e em discutir a introdução da edição que estou acompanhando.

A novela publicada em julho de 1890 é uma ficção filosófica e gótica que gira em torno de uma discussão abstrata sobre o esteticismo e sobre segredos guardados em uma vida dupla. A história gira em torno de uma obra pintada pela artista Basil Hallward representando o jovem Dorian Gray. O enredo se inicia em um verão na era Vitoriana na Inglaterra, com Lord Henry Wotton prestando uma visita ao pintor. Basil nega-se a revelar a pintura em que está trabalhando, pois, segundo ele mesmo, ele revela mais sobre si mesmo do que sobre a pessoa ali retratada e seria demais deixar que qualquer pessoa tenha conhecimento de seus segredos mais profundos. Lord Henry questiona os verdadeiros motivos pelos quais Basil está escondendo sua obra, mas o artista é vago em suas respostas com medo de que sua verdadeira face lhe cause problemas na sociedade conservadora que ele vivia. Logo a conversa começa a girar em torno de Dorian Gray, o jovem ali retratado e por quem Basil havia criada grande admiração e nutria um afeto que poderia ser questionável. Seu retrato era fiel a beleza do jovem rapaz, mas revelava a todos como ele afetava o pintor. Durante a conversa dos dois homens, Dorian surge e Basil pede que Lord Henry se vá para não afetar o jovem com suas ideias hedonistas, mas basta ouvir uma pouco das ideias de Wotton que Dorian passa a enxergar a sua beleza como sua única qualidade e a viver a vida de maneira irresponsável.

Muito se é discutido sobre a obra, especialmente porque se acreditava que o romance revela que Wilde não se encaixava nos padrões morais da época. A verdade é que a novela pode ser vista como crítica a moral britânica e os maus costumes que a sociedade empregava. A crítica dizia que Oscar estava tentando manchar a moral e a mente jovem que entrasse em contato com o livro, pois ele era considerado sensível demais, efeminado, nauseante e impuro. Tal fato se deve ao homoerotismo empregado à obra, ainda que a maior parte das críticas eram ofensas pessoais ao autor e não ao livro. Tais críticas leveram Wilde a fazer uma reedição do romance, mas isso fez com que a polêmica aumentasse e o autor chegou a ser julgado anos mais tardes por “indecência, difamação e afronta a moral”, seu romance foi dado como pervertido e o status só piorou quando sua publicação em 1900 foi autorizada por Charles Carrington que trabalhava com literatura erótica.

É difícil imaginar que apenas a suposição de homossexualidade já causava tanto alvoroço, quando vemos o quanto nossa sociedade já evoluiu, mas ainda assim parece bizarro pensar que uma boa parcela da sociedade ainda age de tal forma e condena a maneira como alguém decide se expressar e se relacionar.

Depois de tanto tempo e tanta polêmica, o romance deixou de ser algo proibido e se tronou um dos maiores romances já escritos de todos os tempos e com certeza é uma leitura que você não deve deixar de fazer!

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