Nossa dica do dia é o livro da escritora brasileira Elayne Baeta. O amor não é óbvio é uma obra nacional, publicada primeiro no Wattpad e depois lançado como esse livro imperdível, a obra é um romance LGBTQIAPN+ que todos deveriam ler, em especial os jovens.
A história conta a vida de Íris, a adolescente é viciada em novelas, ela tem duas melhores amigas. Uma é sua vizinha Dona Símia, de 68 anos, com quem assiste novelas todos os dias. A outra é a também adolescente Poliana Rios, conhecida como Polly, as duas vão para a escola juntas e estão no último ano do ensino médio. Polly tem uma missão esse ano, perder sua virgindade, ela também quer o mesmo para sua amiga Íris.
Nossa protagonista vê o mundo com olhos de uma noveleira profissional, comparando tudo com sua novela favorita. Ela tem um crush em Cadu Sena, o garoto popular da escola, mas ele namora Camila Dourado, também popular e tudo parecia concreto entre eles. Eis que a vida de Íris muda com uma notícia chocante, Cadu está solteiro, sua agora ex-namorada se encontra namorando uma menina!
Édra Norr era uma garota que Íris não tinha reparado até então, mas agora ela não consegue focar em outra coisa. Afinal, por que Camila Dourado trocaria o garoto mais perfeito da escola por ela? O que essa menina tem de diferente? O que de fato aconteceu entre os três? Essas são perguntas que Íris não pode deixar sem resposta, então ela faz a coisa mais lógica possível.

Aproveitar a chance agora que Cadu é solteiro? Não exatamente, ela vai investigar Édra, e descobrir quem é essa menina misteriosa e atraente que supostamente conquistou os afetos da ex-namorada de Cadu Sena. Porque é óbvio que esse é o caminho mais correto possível. A vida da jovem fica ainda mais complicada quando ela mesmo começa a ter sentimentos confusos pela garota em questão. E agora?
O livro é perfeito, primeiramente ele mostra com precisão descobertas de todo adolescente que está se descobrindo LGBTQIAPN+, mesmo sendo sobre se descobrir lésbica como Íris, como se descobrir bi como foi meu caso. A adolescente entra em negação, ela se justifica o tempo todo que é normal reconhecer que uma garota é atraente, ignora os pensamentos e sonhos em ficar com uma garota.
Além disso, a autora traz cenas icônicas que a maioria das crianças queer já passaram, que era fazer as bonecas ficarem entre si, ao invés de com um boneco. Tenho certeza de que assim como eu, muitas jovens colocavam suas Barbie para namorarem entre si e deixavam o Ken de lado.
O livro é sobre descobertas, quantas coisas sobre si mesmo você fez na juventude? E não só sobre si mesmo, Íris acaba conhecendo muitas coisas sobre seus amigos, seu ex-crush e as pessoas em seu redor. Afinal, esses anos de ensino médio, são a época que as pessoas mudam mais do nunca, elas estão descobrindo seu lugar no mundo e tentando desvendar quem realmente são.

Muito além disso, a obra é incrível porque tem personagens muito bem construídos, seja a protagonista, quanto seus amigos, em especial Mauricio que eu amei bastante. Eles são complexos e dramáticos como apenas uma adolescente consegue ser. O amor não é obvio é refrescante, sempre fico feliz quando descubro histórias como essa, narrativas de romance e descobertas com personagens fora da norma heteronormativa e sem o drama e tragedia como foco.
Afinal, nós merecemos histórias assim, Elayne Baeta representa a juventude de muitos, ela mostra uma história de primeiro amor, mas é muito mais do que isso. Ela retrata de forma bem construída a cabeça complicada e relacionável de Íris, que no fim do dia, é apenas mais um adolescente tentando descobrir seu lugar no mundo.
Então, eu recomendo o livro para todos, não apenas para jovens da comunidade, mesmo que sejam o alvo, mas sim para todo mundo porque é uma forma divertida, leve, e rápida de se colocar no lugar do outro. O livro retrata a juventude queer muito bem, então se você não conhece, não lida bem com diferenças ou não entende, por que não ler esse livro e descobrir a mente confusa de uma lésbica adolescente tentando descobrir qual o seu lugar no mundo?
