Não sei vocês, mas eu adoro filmes de época. Talvez seja o fato de eu ter muita curiosidade sobre o passado, ou por ser fascinada pela arquitetura e artes clássicas, ainda mais pela moda de séculos atrás. Mas o mais interessante sobre o passado é poder enxergar como a sociedade evoluiu e como as coisas foram mudando com o tempo, assim a gente consegue ver até onde chegamos e o quanto ainda precisamos caminhar.
Há muitos anos atrás assisti a versão de 1994 de Little Women, a qual Winona Ryder estrelava como Jo March, e dirigida por Gillian Amstrong. Apesar de gostar muito desta versão, decidi falar hoje sobre a última adaptação cinematográfica do romance de Luisa May Acott, escrito e dirigido por Greta Gerwig, responsável também por Lady Bird e Barbie – o Filme. O elenco traz nomes como Saiorse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Timothée Chalamet e Meryl Streep.
O filme ambientado no século XIX, traz a história das irmãs March em busca de seus sonhos enquanto amadurecem e veem os Estados Unidos passar pela Guerra Civil. Jo (Saiorse Ronan), Meg (Emma Watson), Amy (Florence Pugh) e Beth (Eliza Scanlen) possuem personalidades bem distintas, mas ainda assim são muito próximas e amam umas às outras. Enquanto Jo March tenta decolar como escritora em Nova Iorque, ela relembra momentos do passado enquanto enfrentava os desafios do amadurecimento ao lado de suas irmãs, enquanto sua mãe mantinha a casa sozinha, já que o patriarca da família servia ao exército americano durante a Guerra Civil.
O filme transparece os desafios – ainda maiores na época em que se passa a história – que as mulheres enfrentavam para conquistar seu próprio espaço. Jo March, que se muda para Nova Iorque e tenta a vida como escritora, mas vê sua criatividade ser limitada por costumes da época e por limitações impostas às mulheres. Não se deve ousar, não se deve ultrapassar os limites; o melhor é seguir por um caminho seguro e previsível para garantir o sucesso de seu produto. Amy sonha em se tornar uma artista, mas não se considera um gênio e por isso acredita que nunca poderia ser de fato uma artista e prefere garantir um bom casamento para “ser uma mulher digna” diante de uma sociedade tão patriarcal e elitista.
Mas ainda existe espaço para o amor e corações partidos neste enredo, ainda mais quando trata-se do triângulo amoroso entre Jo, Laurie (Timothée Chalamet) e Amy. Desde que Laurie conheceu Jo em uma festa, o rapaz nutria sentimentos pela moça, com o passar do tempo, seus sentimentos só se confirmam ao se tornar mais próximo da moça. Porém, Amy, a irmã mais nova, se apaixona assim que põe os olhos em Laurie, ainda que fique claro para ela que Laurie só tenha olhos para Jo. A passagem de tempo muda a relação do triângulo e o modo como Laurie se relaciona com as irmãs, já que suas expectativas não são atendidas e ele sofre uma mudança de coração.
Little Women é uma viagem ao tempo, aos velhos costumes e ao papel da mulher atrás dos séculos. Para mim, histórias como esta trazem a perspectiva feminina de maneira mais crua, já que não vemos um interlocutor masculino ditando o que era ou o que é ser mulher, já que é um romance escrito por uma mulher para mulheres, gerando alta identificação de boa parte do público feminino. Seu discurso é necessário e atemporal, e por isso, além de um belíssimo filme de época, é também espelho da luta das mulheres por seu espaço.
Assista ao trailer oficial:
