BICHO DE SETE CABEÇAS (2000)

Se pararmos para pensar na imensidão do mundo ao nosso redor, percebemos o quão alheios estamos a tudo que acontece ao nosso redor. Estamos presos às nossas rotinas e individualidades que, na maioria das vezes, esquecemos que cada pessoa neste mundo é um indivíduo com seus próprios problemas, sonhos, medos e sentimentos. É claro que se preocupar com tudo que acontece em volta de nós poderia nos levar à loucura, mas não podemos nem imaginar porque alguém nos tratou com desdém ou o que se passa na vida do outro. Talvez seja difícil enxergar as camadas sociais que existem quando não temos nenhuma noção de classe social, quando mal entendemos o que é viverem uma situação desumana ou estar no luxo completo, mas a sociedade existe em várias dimensões que nunca experimentamos ou teremos oportunidade de experimentar.

O filme que eu trago no dia de hoje, pode parecer chocante para algumas pessoas, mas ele de fato aconteceu – não só com a pessoa em que se baseia esta história – com muitas e muitas pessoas no Brasil e no mundo todo. Bicho de Sete Cabeças é um filme dirigido por Laís Bodanzky e com roteiro de Luiz Bolognesi baseado no livro autobiográfico de Austregésilo Carrano Bueno, Canto dos Malditos, trazendo no elenco principal: Rodrigo Santoro, Cássia Kiss e Othon Bastos.

O enredo traz a história de Neto (Rodrigo Santoro), um adolescente do ensino médio que tem uma relação complicada com os país, por isso prefere passar seu tempo nas ruas com os amigos, andando de skate, pichando muros e fumando maconha. Um dia ele viaja sem dinheiro com um amigo para o litoral, mas percebe que para pagar a estadia precisa dar algo em troca, não gostando da situação, ele vai embora. Sem ter dinheiro para voltar para casa, Neto saí pedindo trocados na rua, é aí que conhece Leninha (Valéria Alencar), com quem acaba se envolvendo antes de partir.

Ao voltar para casa, Neto saí para pichar com os amigos, mas acaba sendo pego pela polícia. A situação gera uma briga dele com o pai (Othon Bastos) e, por consequência, Sr. Wilson acaba encontrando maconha no casaco do rapaz. Os pais de Neto são aconselhados pela filha mais velha (Daniela Nefussi) e o colocam em um internato. Com a desculpa de visitar um amigo no hospital, Sr. Wilson consegue levar o filho até o local para que ele seja internado. Neto age de maneira agitada já que sabe não ser um viciado e que aquele não era lugar para ele, mas acaba sendo obrigado a ficar trancado ali enquanto sua família desejar.

O tratamento feito no internato é desumano e cruel, fazendo com que os pacientes do local fiquem em uma situação muito pior do que estariam soltos na sociedade. Ali Neto recebe medicações sem ao menos ter havido qualquer contato com um médico para diagnóstico, além de punições físicas por mal comportamento. O lugar é sujo, fedorento, a alimentação que lhes é oferecida não é digna de nenhum ser humano e as condições que eles são colocados ali são extremamente abusivas.

O Filme foi muito aclamado na época, levando vários prêmios e indicações , entre eles, Prêmio Qualidade Brasil, Grande Prêmio Cinema Brasil e o Troféu APCA. O longa abriu porta para a discussão sobre internatos no país e as péssimas condições oferecidas neles, fazendo com que o Congresso Brasileiro aprovasse uma lei em torna da proibição de instituições asilares que não garantem os direitos fundamentais de pessoas nessa situação vulnerável.

Assista ao trailer oficial:

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