Dezembro finalmente chegou e com isso aproveitamos para relembrar os melhores e piores lançamentos do ano. Confesso que para mim é um pouco difícil selecionar as obras que mais gostei durante o ano porque eu costumo apenas acompanhar lançamentos nichados, enquanto continuo assistindo aos mesmos filmes de sempre o tempo todo. Mas para poder trazer um pouco de novidade por aqui, faço o esforço de pelo menos ver os lançamentos mais comentados do momento.
Dentre os filmes mais falados de 2024 está “A Substância”, um filme de terror que aborda as consequências dos padrões de beleza impostos pela sociedade. O filme de Coralie Fargeat estreou em 19 de maio no Festival de Cannes e foi selecionado para competir pela Palma de Ouro em sua seção de competição principal, onde Fargeat ganhou o prêmio de Melhor Roteiro.
A trama gira em torno da história de Elisabeth Sparkle (Demi Moore), uma estrela em decadência em Hollywood, que acaba sendo demitida, sem mais delongas, de seu programa televisivo assim que completa 50 anos. No caminho de volta para casa, a celebridade acaba sendo atingida por um outdoor de si mesma que estava sendo retirado, o que resulta em um grave acidente. No hospital, Eisabeth recebe um pen drive com o título “The Substance”, que explica que existe um soro capaz de trazer um versão mais jovem, mais bonita e perfeita de si mesma.
Com a esperança de que o soro possa ajudá-la a retornar à sua glória, Elisabeth encomenda e injeta o ativador de uso único, fazendo que uma versão “melhorada” de si saía de uma fenda em suas costas. O soro cria uma relação de simbiose entre dois corpos: Elisabeth tem que transferir sua consciência entre os corpos de sete em sete dias, com o corpo inativo a permanecer inconsciente. Sua nova versão precisa extrair um “fluido estabilizador” do corpo original através de uma punção lombar, para prevenir a deterioração. Assim nasce Sue (Margaret Qualley), a jovem capaz de substituir Elisabeth e se tornar um grande fenômeno.
Acontece que o processo de estabilizar o novo corpo acaba destruindo o corpo original. Enquanto Sue desfruta da fama e de uma boa vida, Elisabeth se torna exclusa e solitária, se tornando cada vez mais velha. O corpo de Elisabeth se decompõe cada vez que Sue extraí o “fluido estabilizador” e, quando o corpo original está ativo, Elisabeth se afunda em ciúmes e inveja de sua nova versão que agora possuí tudo que um dia foi seu. O processo, porém, é irreversível, impossibilitando que Elisabeth possa ter o mesmo corpo de antes da Substância.
O filme traz referências a outros clássicos do cinema, literatura e artes, tais como os filmes Psicose (1960), O Iluminado (1980) e as obras O médico e o monstro, Cinderela e Branca de Neve.
Acima de tudo, o filme critica a busca incessante pela perfeição, onde procedimentos estéticos, cirurgias plásticas, medicamentos para emagrecer, fotos super editadas e padrões impossíveis são normalizados na nossa sociedade. O envelhecimento da mulher sempre foi assunto polêmico e tratado de maneira negativa, onde a mulher é tida sem muito valor, seja socialmente ou profissionalmente, após atingir a maturidade. Coloca-se um prazo de validade no sexo feminino, enquanto dizem que os homens são como vinhos, as mulheres são tratadas com um leite talhado. A discussão é tratada com surrealismo, choque e impacta ao trazer uma pauta que parece sempre ser tão atual.
Assista ao trailer oficial:
