Vivemos em uma época em que temos plena certeza de que o mundo está em colapso – seja por questões políticas e sociais, ou por questões ambientais. Nosso modelo consumista de levar a vida faz com que a tragédia se espalhe mais rapidamente. Um planeta que poderia se regenerar já não consegue mais se manter de maneira que a vida nele seja confortável. A Terra está em ebulição e não sabemos quanto tempo aguentamos viver assim, mas não é como se nunca tivéssemos sido avisados, apenas ignoramos – continuamos ignorando – o óbvio.
No anime do Studio Ghibli, “PomPoko – A Grande Batalha dos Guaxinins”, o tema da preservação ambiental e do avanço contínuo de construções nas grandes cidades é abordado de maneira lúdica e didática. O filme lançado em 1994 se baseia no folclore japonês, trazendo as criaturas chamadas tanukis (os guaxinins) que usam de sua habilidade de criar ilusões e se transmutar em quase qualquer coisa. Seus rivais, os kitsunes (raposas) também possuem a habilidade de metamorfose, mas são ditos como seres preguiçosos.
Na trama, ambientada no Japão da década de 1960 e de 1990, um grupo de tanukis se vê ameaçado com a construção de um projeto suburbano que está desmatando seu habitat natural. Com o avanço da cidade, os tanukis passam a disputar espaço e comida, mas, graças à matriarca Oroku, eles se unem para parar a destruição humana.
Apesar dos esforços dos tanukis, eles acabam se dividindo novamente e, cada grupo, passa a usar uma abordagem diferente para lutar pela preservação da natureza. Mas, como ninguém realmente para o “progresso”, os animais são obrigados a se adaptar à nova realidade, convivendo em meio ao homens.
O anime reflete muito bem a relação que nós construímos com o meio-ambiente, em que sua destruição é aceita pela maioria e muitas espécies animais acabam desaparecendo enquanto construímos mais e mais prédios e paredes de concreto ao nosso redor, ao mesmo que nos satisfazemos com um consumismo doentio que acelera ainda mais o processo de aquecimento global.
Ainda que trinta anos desde seu lançamento tenha se passado, o anime dirigido por Isao Takahata continua trazendo à tona o comportamento destrutivo do homem, o único ser vivo capaz de dominar e criar o mundo ao seu redor.
Assista ao trailer oficial:
