RESENHA: LISBELA E O PRISIONEIRO

Quem gosta de filmes nacionais com certeza já assistiu ao filme Lisbela e o Prisioneiro e está bem familiarizado com a história dos dois, mas o que pouca gente sabe é que ele foi adaptado de um livro (na verdade escrito para peça teatral) de Osman Lins. A comédia é dividida em três atos e antes de entrarmos na história, a lista de personagens e suas devidas funções lhes é apresentada em sua ordem de aparição.

O primeiro ato traz Leléu sendo pego pelo Tenente Guedes após fugir da delegacia. O clima no local é sempre muito vivido e cheio de humor, mas Tenente Guedes sempre tenta manter a ordem e o respeito de seus subordinados, que parecem ignorar a disciplina e têm certo desprezo pela ordem, o que nos traz momentos cômicos durante a peça. Lisbela chega à delegacia, e logo já entendemos que Leléu demonstra interesse pela moça – o que não seria diferente se qualquer moça visitasse o lugar, já que o prisioneiro é um grande mulherengo, o que só faz com ele se meta em mais confusões.

Lisbela está prestes a se casar com Dr. Noêmio, um advogado que morou no Rio de Janeiro e por isso adotou maneirismos da cidade, a fim de parecer mais descolados e elitizado. O jeito do rapaz irritada não só a Lisbela, mas também a Tenente Guedes, que é pai da moça, e a Leléu, que acha o advogado metido a besta.

No segundo ato vemos um desenvolvimento da relação entre Lisbela e Leléu. O prisioneiro parece não se intimidar pelo fato da moça estar noiva e lhe diz que seu noivado é apenas um promessa sem sentimentos e que seu coração está em outro lugar. Acontece que a moça já não poderia acreditar que seu afeto seja genuíno, já que o rapaz tem andado a vida toda atrás de um rabo de saia, e a situação piora quando uma mulher chamada Inaura vem a sua procura. Acontece que a mulher é casada com um tal de Frederico, um assassino profissional e, por mais que Leléu deseje a liberdade, estar por de trás das grades parece ser mais seguro no momento.

O terceiro ato, talvez o mais cheio de eventos e emoção, conta como foi o casamento de Lisbela e Dr. Noêmio, mas essa parte nem é a mais importante da história, já que o casamento vai por água abaixo. Lisbela decide fugir com Leléu. Mas Frederico tem outros planos para o rapaz, é neste dia que ele irá dar cabo ao homem que ousou dormir com a sua mulher. Mas Inaura está completamente apaixonada por Leléu, assim como Lisbela e ambas tentam salvar o seu amado para demonstrar qual das duas tem mais direito de ficar com ele ao final da história. Entre muitas voltas, vemos Leléu morrer, para depois saber que a bala não lhe atingiu, sendo assim Frederico o moribundo, mas para saber quem foi o responsável pela morte do homem, vemos a cena voltar por algumas vezes até que finalmente Inaura é dada com a assassina e aceita seu destino como então matadora em lugar de seu falecido marido. Por fim, Lisbela e Leléu podem finalmente seguir com suas vidas e tentarem ser felizes juntos. Apesar de todas as preocupações, Tenente Guedes diz que agora poderá dormir em paz e viver um dia após o outro.

Osman Lins era conhecido por seu trabalho meticuloso e foi honrado no I Concurso Nacional da Companhia Tônia. Todo o seu empenho pode ser notado durante a leitura da obra, e para quem não está acostumado a fazer a leitura de peças teatrais, mal nota que aquilo não é um livro comum, mas consegue disfrutar de sua leitura da mesma maneira. Quanto às semelhanças entre o livro e o filme, podemos dizer que a produção cinematográfica se fez fiel à obra original, mantendo todo o detalhamento e referencial sociocultural que o autor fez questão de inserir em sua escrita.

Deixe um comentário